Na reunião do Fórum Económico Mundial em Davos Suíça a OXFAM(Uma confederação de 19 organizações, que atua em mais de 90 países na busca de soluções para o problema da pobreza, desigualdade e da injustiça, por meio de campanhas, programas de desenvolvimento e ações emergenciais) apresentou um diagnóstico do sistema político económico vigente e concluiu que as fortunas dos bilionários cresceram mais nos últimos 24 meses do que os últimos 23 anos.
E foi nos sectores de energia, da alimentação e da distribuição em que os preços estão aumentar exponencialmente (como os leitores têm percebido claramente) que as fortunas estão a acumular se a um ritmo vertiginoso, agravando, assim, as enormes dificuldades de subsistência das classes mais baixas.
A OXFAM e outras organizações insuspeitas de quererem mal ao capitalismo vigente, como o bem conhecido FMI (Fundo Monetário Internacional), propôs um imposto temporário sobre os lucros, extraordinários e imprevistos, obtidos pelas empresas do setor de energia – dos combustíveis à eletricidade – e certo é que a Hungria, o Reino Unido e a Itália, entre outros países, já adoptaram medidas fiscais neste sentido.
No entanto, em Portugal, o governo de António Costa não quer “ hostilizar” as grandes empresas, pelo que se tem vindo a abster de tomar medidas de idêntico teor.
A inflação nos países da zona do euro foi em maio em média de 8,1%, frente aos 7,4% de abril, impulsionada essencialmente pelos preços da energia e dos alimentos, em especial como consequência do conflito bélico entre a Rússia e Ucrânia.
Quase 7,5 milhões de adultos da União Europeia (cerca de 17%) já padecem de “insegurança alimentar grave” – reduzem quantidades, pulam refeições, passam fome -, segundo o relatório da FAO, a agência da ONU para Alimentação e a Agricultura.
O grande problema nutricional afeta um em cada quatro adultos da União Europeia (24,8%).
A anemia ou falta de ferro, uma das suas consequências, afeta 14,6 milhões de mulheres em idade reprodutiva na União Europeia
E como será aqui neste torrão à beira – mar plantado, por agora gerido por governantes que não querem hostilizar umas centenas de magnatas, mas que, se não despertam da sonolência europeia, ainda acabam a ser vaiados nas ruas pelas populações enfurecidas pela miséria e pela fome?
Por Álvaro Neto, jornalista, director da Gazeta de Paços de Ferreira
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